Área da Terra inabitável para humanos pode triplicar, superando tamanho do Brasil
Caso a média global avance para 2°C acima dos níveis pré-industriais, nem os mais jovens escaparão dos riscos do calor. No cenário mais catastrófico, a exposição ao ar livre já levaria a insolação letal; entenda
Uma equipe liderada por pesquisadores do King's College London, no Reino Unido, revelou que o aquecimento global contínuo fará com que mais partes do planeta se tornem quentes demais para o corpo humano suportar. O efeito pode afetar até 6% do território nas próximas décadas, o que representaria um aumento de três vezes no total de regiões inabitáveis da Terra – uma área maior até do que o Brasil.
Em artigo publicado nesta terça-feira (4) na revista Nature Reviews Earth and Environment, os especialistas indicam que, se a temperatura planetária chegar a 2°C acima da média pré-industrial, o calor seria tão intenso que não seria seguro nem para as pessoas mais jovens e saudáveis. Nessas condições, eles também alertam que a área onde os maiores de 60 anos estarão em risco saltará para cerca de 35% de todo o planeta.
Impactos (possivelmente) letais
O ano passado foi o primeiro a apresentar uma temperatura global de mais de 1,5°C acima da média pré-industrial. Caso esse ritmo se mantenha nas taxas atuais, o acréscimo de 2°C poderá ser alcançado em breve, entre a metade e o final deste século.“Nossas descobertas mostram as consequências potencialmente mortais se o aquecimento global atingir 2°C. Limiares de calor insuportáveis, que até agora foram excedidos apenas brevemente para adultos mais velhos nas regiões mais quentes da Terra, provavelmente surgirão até mesmo para os mais jovens”, explica Tom Matthews, autor principal do projeto, em comunicado.
Em tais condições, a exposição prolongada ao ar livre, mesmo na sombra, com brisa forte e bem hidratados, seria esperada para causar insolação letal. Isso representa uma mudança radical no risco de mortalidade por calor.
Avaliação do cenário global
Para sua análise, a equipe reuniu descobertas científicas para vincular a ciência do clima físico com o risco de mortalidade por calor, incluindo cruzar os limites "incompensáveis" e "insuperáveis". Os cientistas definem os limites incompensáveis como aqueles nos quais a temperatura corporal humana aumenta incontrolavelmente. Já os limites insuperáveis envolvem a temperatura central do corpo aumentar para 42 °C em até seis horas.
Entre 1994 e 2023, as tolerâncias térmicas humanas, a combinação de temperatura e umidade acima da qual o corpo humano não consegue lidar, foram ultrapassadas em cerca de 2% da área terrestre global para adultos com menos de 60 anos. Mais de 20% da superfície terrestre da Terra ultrapassou esse limite para adultos mais velhos, que são mais vulneráveis ao estresse térmico.
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